Em junho de 2013, após o anúncio do aumento do valor do transporte público em várias cidades do Brasil, o país foi tomado por uma série de manifestações populares que sofreram como resposta do poder instituído forte repressão policial e uma campanha midiática que revelou uma tendência de criminalização destes movimentos.
Como consequência, tais manifestações perderam sua força, o valor do transporte sofreu aumento, e criou-se um clima de insatisfação popular. Diante desse panorama, a performance questiona o que aconteceria se alguém decidisse não pagar a passagem de ônibus. Ao manter a câmera na mão, a artista Fernanda Vizeu se recusa a pagar o valor de R$ 3, pulando a catraca e publicando o registro em vídeo na internet.
O vídeo, que mostra a discussão gerada dentro do ônibus, inclusive com o acionamento da polícia, ganhou rápida repercussão e recebeu uma enxurrada de comentários contra e a favor do ato, já que esbarra em questões polêmicas pois tensiona os limites do que é considerado legal ou ilegal ou ainda legítimo ou ilegítimo, principalmente em um país que tem a corrupção em todas as esferas sociais como uma de suas grandes mazelas.
A discussão gerada traz à tona questões sociais, raciais, políticas, filosóficas, econômicas, humanitárias, legais e morais, vividas diariamente pelo cidadão, além de questionar o que é arte e qual a sua função, já que a performance foi vista pela maioria como apenas mais um protesto político e obteve reações violentas de internautas, que chegaram a incitar o espancamento da performer.
CATRACACATRACA (2014)
Brasil, Rio de Janeiro | Fernanda Vizeu e Peter Boos
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Fernanda Vizeu (Autor da publicação)
